Petrobras está na contramão da indústria mundial, avalia Ineep na Câmara dos Deputados

William Nozaki

Em audiência pública na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados sobre os impactos da privatização da Petrobras nas regiões Norte e Nordeste, na segunda-feira (28/06), o coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) William Nozaki declarou que a política de desinvestimentos dos ativos da empresa está na contramão do que está sendo praticado no mundo e colocando o Brasil diante de uma insegurança energética.

 

Petrobras está na contramão da indústria mundial, avalia Ineep na Câmara dos Deputados

Reprodução: YouTube.

 

Os comentários de Nozaki baseiam-se no fato de a estratégia da Petrobras estar voltada para a venda de seus ativos para concentrar-se nas atividades de exploração e produção no pré-sal. Segundo ele, embora a produção de petróleo venha registrando aumento, por conta de descobertas nas áreas do pré-sal no passado, o mesmo não tem ocorrido com as reservas.

 

“Se a estratégia é tão boa, por que as reservas provadas não aumentam? Qual o futuro que se espera da Petrobras a partir desta estratégia?”, questionou ele, acrescentando que estas são perguntas que devem ser feitas e analisadas com cuidado e com atenção para que não se caiam em simplificações grosseiras e destruindo um núcleo importante do desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico do Brasil.

 

De um total de US$ 36 bilhões contabilizados pela Petrobras com a venda de seus ativos, a partir de 2016, US$ 5,4 bilhões (15%) originaram-se dos desinvestimentos nas regiões Norte e Nordeste do país. Estes valores resultaram da venda de campos de produção de óleo e gás, em bacias terrestres e marítimas, da Transportadora Associada de Gás S.A. (TAG), da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), de unidades petroquímicas e de fertilizantes, além de usinas do parque eólico do Rio Grande do Norte. A estratégia resultou no desemprego e na redução de receita gerada pelas atividades nas regiões Norte e Nordeste, segundo informou ele.

 

Em sua apresentação, Nozaki rebateu os pontos que têm sido apresentados pelo governo federal para justificar os desinvestimentos da Petrobras e questionou a saída da empresa da área dos renováveis, o que fica marcado com a venda das usinas eólicas. Para ele, não faz sentido a Petrobras vender ativos voltados para as energias renováveis com o argumento de que deve acelerar a produção do petróleo, pois está acabando. ”De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), mais de 60% dos investimentos internacionais em energias renováveis são feitos pela indústria petrolífera. E a Petrobras, na contramão das grandes empresas, tem se desfeito de seus ativos na área de renováveis”, comentou.

 

A audiência pública, realizada a pedido dos deputados João Daniel (PT-SE), José Ricardo (PT-AM) e Vivi Reis (Psol-PA), durou cerca de três horas. Participaram José Mauro Ferreira Coelho, Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia; Rafael Chaves Santos, Gerente Executivo de Estratégia da Petrobrás; Cloviomar Cararine Pereira, representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ( Dieese), Deyvid Souza Bacelar da Silva, Coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros; e Marcus Ribeiro, Coordenador Geral do SINDPETRO/AM.

 

Comunicação Ineep

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