As oportunidades para a Petrobras no ano de 2023

Mahatma dos Santos
Fórum
As oportunidades para a Petrobras no ano de 2023

No ano em que completará 70 anos, a Petrobras, maior empresa brasileira, segue como um potente instrumento de indução do desenvolvimento energético, industrial, tecnológico, social e ambiental brasileiro. No entanto, é preciso registrar que o setor de óleo e gás nacional passou por mudanças – regulatórias e comerciais – profundas desde 2016, que alteraram a institucionalidade, governança e estratégia de negócio da companhia.

 

Essas transformações resultaram em um extenso processo de desnacionalização e desmonte da Petrobras, através, sobretudo, de uma política agressiva de venda de ativos estratégicos e transferência da renda petroleira gerada pela estatal para seus acionistas na forma de pagamento de dividendos recordes. O presente cenário impõe o desafio de revisão e reposicionamento estratégico da empresa.

 

No último ano, a Petrobras emergiu no debate público, sobretudo, em virtude dos impactos sociais conjunturais de uma estratégia de negócios adotada pela companhia desde a gestão de Pedro Parente, presidente da estatal entre 2016 e 2018, ainda durante a presidência de Michel Temer (MDB).

 

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Destacaram-se nesse período manchetes sobre a distribuição recorde de megadividendos, a explosão dos preços dos combustíveis no mercado interno e seus efeitos inflacionário, decorrentes de sua política de preços de paridade de importação (PPI), assim como a instabilidade institucional gerada pelas três trocas na presidência da estatal realizadas por Bolsonaro no intervalo de um ano.

 

 

As oportunidades para a Petrobras no ano de 2023

Edifício sede da Petrobras. Foto: Rodrigo Soldon / Flickr.

A agenda pública em torno da Petrobras nesse início de ano, contudo, parece ter ganho horizontes temporais e objetos centrais distintos dos observados no ano passado. Apesar de temas como o PPI, isenções tributárias e vendas de ativos permanecerem na pauta, novos elementos estratégicos ganharam maior visibilidade, inclusive, por conta do resultado eleitoral de outubro.

 

Os debates em torno do nome do futuro presidente da companhia e sobre a manutenção ou revisão do Plano Estratégico 2023-27 ganharam o centro da arena. Isso significa, por um lado, que os desafios colocados a Petrobras e seus quadros diretivos para 2023 não são mais apenas de caráter conjuntural, e sim, estratégico. E, por outro lado, reforçam que a Petrobras seguirá no centro do embate social nos próximos anos.

 

Ademais, recolocam na agenda pública a discussão sobre o papel das empresas estatais e, em especial, da Petrobras na busca por soberania energética, garantia de abastecimento do mercado interno de derivados a preços justos, retomada de investimentos setoriais,  fomento a inovação e pesquisa, além de integração do país a agenda da transição energética justa.

 

O ano de 2023, portanto, abre uma oportunidade ímpar de revisão da estrutura de governança e plano de negócios da Petrobras, assim como de reconstrução do setor de óleo e gás nacional e cadeias produtivas a ele associados. O presente ano desafiará o recém-eleito Partido dos Trabalhadores e a frente democrática que o apoia a articular os interesses contraditórios e inerentes a uma empresa de capital misto com as urgentes necessidades do país de retomar o desenvolvimento e uma agenda de combate às desigualdades.

 


 

Artigo publicado originalmente na Fórum.

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