Webinário Ineep: João Montenegro discute a transição energética dos EUA

Montenegro trouxe pontos importantes sobre a transição energética nos EUA. Foto: Reprodução YouTube.

Os Estados Unidos, maiores exportadores de petróleo do mundo e assentados sobre reservas gigantescas, têm adotado uma postura muito diferente da Europa com relação à transição energética. Enquanto os europeus almejam atingir a neutralidade de carbono em 2050, os Estados Unidos preveem manter um percentual de utilização de combustíveis próximo dos 70% até essa mesma data. O jornalista e mestre em economia política internacional João Monteiro discutiu o tema da transição energética nos Estados Unidos no primeiro webinário organizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o Ineep. A gravação na íntegra está disponível no canal do Ineep no Youtube e também em nosso podcast.

 

 

João Monteiro faz parte do grupo de analista do Ineep, trabalhou por 11 anos na editora Brasil Energia entre as funções de repórter e editor e hoje é também correspondente em petróleo e energia do BN Americas, serviço fechado de notícias. Ele recentemente se dedicou ao estudo das particularidades da transição energética nos Estados Unidos.

 

 

Consumo deve seguir no mesmo patamar até 2050

Atualmente, óleo e gás representam 70% do consumo e 60% da produção de energia primária nos Estados Unidos. A previsão da agência governamental EIA (Energy Information Administration) é de que em 30 anos, o consumo siga sendo de 70%. Segundo a mesma projeção, o consumo de renováveis aumentará apenas timidamente.

 

 

João explica que as iniciativas do governo americano têm sido no sentido de incentivar e ampliar a exploração e uso dos combustíveis fósseis. Foi assim sob o presidente Barack Obama e ainda mais sob Donald Trump. O atual presidente expandiu as áreas de exploração, incluindo até mesmo zonas de vida selvagem no Alasca, comprou petróleo para tentar segurar preços em momentos de crise e tem anunciado sua constante preocupação em proteger as empresas e empregos do setor. Por outro lado, os oposicionistas do Partido Democrata anunciaram uma iniciativa chamada “green new deal”, que propõe emissão zero de carbono na produção de energia elétrica até 2050. A iniciativa enfrenta, no entanto, grande oposição por parte do Partido Republicano.

 

 

Durante o webinário, João explicita que existem, sim, iniciativas do atual governo republicano no sentido da transição energética. Mas elas estão longe de serem a linha mestra da política energética norte-americana. Com reservas provadas de 70 bilhões de barris de petróleo e 1,29 trilhões de m3 de gás, os Estados Unidos encontram-se numa situação de segurança energética. Essa segurança enfraquece os argumentos para a busca de uma transição de baixa emissão de carbono.

 

 

Além do comportamento estatal, João Montenegro estudou também as majors, as grandes petrolíferas americanas. João descobriu que os esforços são muito mais concentrados na mitigação de impactos ambientais do que na busca por fontes novas e mais eficientes. João também debate no webinário a questão mais complexa das pequenas petrolíferas independentes e das clean techs.

 

Conclusão

Segundo o estudo de João Montenegro,

“a transição energética nos EUA se restringe, por ora, basicamente ao aumento da participação do gás natural em sua matriz energética. O país não demonstra preocupação em ampliar significativamente a utilização de fontes alternativas de energia, de reduzir extração de óleo e gás, e tampouco estimulará outros países a reduzirem consumo dos hidrocarbonetos”.

 

Países detentores de grandes reservas de óleo e gás, como os EUA, seguirão investindo na produção dos hidrocarbonetos. Como consequência, há aquecimento da disputa por mercados com Opep e Rússia e mesmo do gás natural liquefeito norte-americano com a produção brasileira do pré-sal.

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