Política da Petrobras prioriza lucro sobre vidas

Mahatma dos Santos, Rafael Rodrigues da Costa
Poder 360
Política da Petrobras prioriza lucro sobre vidas

Petrobras registra recorde na distribuição de dividendos; conta vai para o consumidor brasileiro.


Na última quinta-feira (28/10), a Petrobras divulgou o seu balanço do terceiro trimestre de 2021, registrando um lucro líquido de R$ 31,1 bilhões. É o segundo trimestre consecutivo de resultado positivo da companhia, que no acumulado do ano registra R$ 75,1 bilhões de lucro líquido. Assim, a estatal reverte o prejuízo de R$ 52,7 bilhões contabilizados nos primeiros nove meses de 2020.

 

Assim, como no trimestre anterior, boa parte do destino do lucro líquido da Petrobras será a antecipação de remuneração aos seus acionistas, que, em 2021, alcançará o valor total de R$ 63,4 bilhões. Esta será a maior distribuição de dividendos da história da companhia. O último recorde até então havia sido de R$ 29,5 bilhões em 2009, em valores atuais deflacionados pelo IPCA.

 

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De um lado, a diretoria da companhia comemora a redução de seu endividamento bruto (-6,4%) e a antecipação na distribuição de dividendos, do qual 42,79% são reservados a investidores não-brasileiros. De outro, observa-se que é o consumidor brasileiro quem paga essa conta. Isso porque o resultado positivo da Petrobras neste terceiro trimestre, assim como no anterior, é produto do aumento expressivo de sua receita de vendas (10%), a qual, por sua vez, se ancora no incremento do volume de vendas de derivados para o mercado interno e na elevação dos preços dos derivados, que cresceu 63,5% na comparação entre o 3° trimestre de 2021 e o mesmo trimestre do ano anterior.

 

 

Política da Petrobras prioriza lucro sobre vidas

Posto de combustíveis Petrobras na BR-343. Foto: Moacir Ximenes / Wikimedia Commons (Licença: CC-BY-3.0-BR).

Em outras palavras, é a atual política de preços de paridade de importação (PPI) de derivados da Petrobras que garante à companhia a redução de seu endividamento e uma distribuição de remuneração recorde aos seus acionistas, ao mesmo tempo em que o consumidor de derivados nacional sofre com os efeitos do aumento. No acumulado do ano, a gasolina teve reajuste de 32% da gasolina, o diesel de 28% e o botijão de gás (GLP) de 27%, com seu preço médio de revenda, em setembro de 2021, chegando aos R$ 97,7, valor equivalente a quase 9% do salário mínimo vigente.

 

Essas elevações nos preços dos derivados têm impacto direto na depreciação do poder de compra da renda dos brasileiros, tal como apontam as recentes altas sobre os indicadores de inflação IPCA e INPC (IBGE), que nos últimos 12 meses encerrados em setembro registram alta de, respectivamente, 10,25% e 10,78%.

 

Mesmo em um contexto de carestia, ampliação da miséria e insegurança alimentar a Petrobras segue privilegiando a maximização de lucros e rendimentos para os seus acionistas em detrimento dos consumidores e cidadãos brasileiros. Essa gestão da companhia, para além de continuar com o desmonte da Petrobras por meio de sua política de desinvestimentos, faz uma escolha consciente de colocar em risco a vida de milhões de brasileiros com sua política de preços.

 


 

 

Artigo publicado originalmente no Poder 360.

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