Petrobras deve garantir resultado positivo no 2T23 mesmo com queda nos preços do brent e dos derivados no mercado nacional

Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indicam que, no segundo trimestre de 2023, a Petrobras deverá registrar resultado financeiro positivo: (i) Lucro Líquido de R$ 23,5 bilhões; (ii) Receita Líquida de R$114,8 bilhões; (iii) EBITDA Ajustado de R$ 54,4 bilhões; e (iv) Distribuição de dividendos entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões, em virtude da mudança de sua política de distribuição no último dia 28/07. A Petrobras divulga na próxima quinta-feira (03/08) o balanço dos seus resultados operacionais e financeiros do segundo trimestre de 2023.

 

A projeção dos resultados neste segundo trimestre guarda forte relação com a queda dos preços do barril de petróleo em âmbito internacional e dos preços médios de venda dos derivados no mercado nacional, em especial do diesel, em comparação aos preços registrados no 2T22. Segundo as estimativas do Ineep, os preços médios dos derivados caíram, em média, 27,5%, nessa comparação anual, saindo de R$ 654,00 por barril no 2T22 para R$ 474,00 no 2T23. O incremento no volume de produção e comercialização de derivados não foi capaz de compensar as quedas nos preços desses produtos nessa comparação anual.

 

 

Tabela – Estimativas do Balanço da Petrobras 2T2023 (em R$ bilhões)

Tabela com estimativas do Balanço da Petrobras no 2º trimestre de 2023.

Fonte: Petrobras e estimativas do Ineep.

 

 

Os resultados do segundo trimestre de 2023 não deverão ser amplamente impactados por lançamentos não recorrentes¹. Em linhas gerais, o resultado estimado para a companhia no 2T23, em comparação ao 2T22, foi fruto de ao menos três elementos. O primeiro foi a redução do preço médio do barril de petróleo no âmbito internacional, que impacta fortemente as receitas externas da companhia, bem como os preços dos derivados no mercado nacional, outro fator estruturante da receita da companhia. As receitas com vendas no mercado interno representam cerca de 75,0% das receitas totais da empresa. Outro fator foi a manutenção de baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do Pré-sal.

 

Queda nos preços dos derivados impacta fortemente resultado

Segundo estimativas do Ineep para o 2T23, a receita de vendas da Petrobras foi de R$ 114,8 bilhões, valor 33% inferior ao mesmo período do ano passado. Desse total, R$ 89,8 bilhões têm origem nas vendas para o mercado interno, que também registraram queda de 29% na comparação com 2T22. No trimestre em análise, as receitas previstas de vendas no mercado nacional representaram 78% das receitas totais da companhia. Ademais, estima-se que as vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 25,0 bilhões, o que significa uma redução de 43%, ante 2T22.

 

As receitas de vendas de derivados da companhia foram impactadas pela robusta queda de 27,5% nos preços médios dos derivados na comparação anual, caindo de R$ 654,00 no 2T22 para R$ 474 no 2T23, segundo estimativas do Ineep. As maiores quedas estimadas foram nos preços do GLP (gás de botijão), cerca de 33% na comparação do 2T23 com 2T22; no diesel, com queda de 31% no período; e nos preços médios da gasolina, que reduziram 16,2% na comparação anual.

 

A venda parcial do parque de refino da Petrobras, em especial da RLAM e da REMAN nos últimos dois anos, também segue um elemento importante para o resultado atual da companhia, visto que seguem limitando sua capacidade produtiva no curto prazo. A decisão da nova gestão de ampliar o fator de utilização de seu parque de refino, que alcançou 93% em média no 2T23, resultou no aumento de 4,8% da produção de derivados e permitiu um incremento de 1,4% no volume de vendas da estatal no âmbito nacional, na comparação entre o 2T23 e o 2T22. Porém, esse esforço operacional não foi suficiente para compensar a queda nos preços.

 

No que diz respeito às vendas da Petrobras para o mercado externo, na comparação dos resultados do 2T23 com o 2T22, verificou-se também uma queda de 19,5% no volume de exportação de petróleo e derivados, decorrente da redução de, respectivamente, 22,6% e 18,1% das exportações de petróleo cru e óleo combustível. Esse movimento, segundo estimativas no Ineep, significou uma queda de aproximadamente 43% nas receitas com venda totais para o mercado externo, nessa comparação anual.

 

Por conta desses resultados, o Ineep projeta que o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) no 2T23 será de R$ 37,2 bilhões, valor 61% inferior ao registrado no mesmo período em 2022. Somando esse lucro operacional estimado (considerando a venda de ativos e as compensações) com o resultado financeiro (R$ -3 bilhões) e os impostos (R$ 10,4 bilhões) estimados, obtém-se o lucro líquido estimado de R$ 23,5 bilhões, conforme apresentado anteriormente.

 

Geração de caixa e pagamentos de dividendos

Esse lucro estimado da Petrobras proporcionará uma Geração de Caixa Operacional neste trimestre de cerca de R$ 43,5 bilhões, que é o resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas as atividades operacionais (ver Tabela). De forma indireta, a geração de caixa operacional é calculada somando ou subtraindo itens (ajustes) do lucro líquido que afetam o fluxo de caixa operacional. Com essa geração de recursos, estimou-se um Fluxo de Caixa Livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no 2T23 da ordem de R$ 29 bilhões, queda de 54% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Com base nas estimativas da geração de caixa operacional, do fluxo de caixa livre e na mudança na política de remuneração de acionistas, anunciada pela Petrobras no último dia 28/07, o Ineep estimou também o montante da distribuição de remunerações neste trimestre entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões. Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,6% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,4% para acionistas privados, dos quais 46,3% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 17,1% para os acionistas privados brasileiros.

 


 

Nota:

1) Cabe observar que estas estimativas não consideram lançamentos não recorrentes que podem impactar nos dados contábeis e financeiros, tais como: ações judiciais, provisões, ajustes de contabilização do E&P com poços secos, impairment que não foram comunicados ao mercado e que são imprevisíveis antes da divulgação do balanço.

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