O presente e o futuro da Chevron no Brasil e no mundo

O presente e o futuro da Chevron no Brasil e no mundo

Foto: Fortune.

 

O ano de 2018 foi de bons ventos para a Chevron. Com faturamento anual de quase US$ 15 bilhões, a empresa teve o seu melhor desempenho em quatro anos. Focado na produção de xisto norte-americana, de um lado, e na venda de ativos internacionais de downstream, de outro, a Chevron tenta em um só tempo reforçar o balanço e manter um plano de capital conservador. No Brasil, a empresa procura superar o desastre em Frade e explorar o potencial ultramarino do pré-sal.

 

Mesmo com a instabilidade no mercado de óleo e gás, a Chevron fechou o ano de 2018 com bons resultados, contabilizando seus melhores números em quatro anos. De acordo com bolsa em Wall Street, desde 2014 — último ano em que o petróleo Brent ultrapassou o limite de US$ 100 — a empresa não havia registrado um lucro tão alto. Em 2016, a Chevron sofreu um prejuízo anual de US$ 497 milhões. Já em 2018, a Chevron registrou alta de 61,2%, faturando US$ 14,8 bilhões.

 

Os negócios de exploração e produção da Chevron continuam a ser o carro chefe dos resultados financeiros da empresa, já que a petrolífera gerou mais de 83% de seus ganhos com a produção de óleo e gás. Os resultados têm sido apontados pela empresa como fruto de uma continuidade dos ramp-ups (rampa de produção) em suas instalações de Gorgon e Wheatstone LNG na Austrália e a maior produção de seus ativos de xisto na Bacia do Permiano – que representam, atualmente, mais de um quarto do total da carteira de recursos da empresa.

 

Tratando especificamente do Permiano, a produção total da Chevron aumentou 80% em um ano, com 338 mil barris de óleo equivalente por dia (boed).  De acordo com a administração, as operações na bacia superaram as expectativas estão adiantadas em um ano e não vê uma desaceleração significativa no curto prazo. Em seu planejamento estratégico, inclusive, a expectativa é que a produção cresça entre 4% e 7% ao ano entre 2017 e 2020, o que equivaleria a um adicional de 250 a 500 mil barris por dia (bpd) de nova produção.

 

Ao mesmo tempo, é possível observar um declínio nas operações internacionais de downstream, uma vez que seus ganhos caíram quase 50% em relação ao ano passado. Isso porque a empresa iniciou, em 2017, um amplo programa de desinvestimentos com a venda de seus ativos de refino canadenses. No ano passado foi a vez de concluir a sua venda de seus negócios de refino, marketing e lubrificantes na África do Sul. Para 2019, a petrolífera anunciou que planeja vender seus ativos no Mar do Norte – e, assim, a empresa espera que a venda de ativos renda entre US$ 5 a US$ 10 bilhões até 2020.

 

No Brasil, a trajetória da Chevron marca mais de 100 anos de atividade. Operando no país desde 1915 na área de downstream com a comercialização de produtos Texaco. Em 1997, a empresa expandiu seu negócio para a área de exploração e produção, após a decisão do governo de quebrar o monopólio da Petrobras e abrir o setor ao investimento privado.

 

Em novembro de 2011, no entanto, a história da Chevron no país é manchada por um vazamento de petróleo no Campo do Frade, na Bacia de Campos, a 120 quilômetros da costa do Estado do Rio e a cerca de 1.200 metros de profundidade. Operadora do campo, a Chevron foi a responsável pelo acidente provocado pelo excesso de pressão aplicada na perfuração dos poços, surgindo rachaduras nas rochas do leito oceânico, por onde vazaram 3.700 barris de óleo em 60 km².

 

Como reação, a ANP suspendeu temporariamente a Chevron de perfurar o campo, além de aplicar uma multa com um valor em torno de US$ 17,5 bilhões. Em 2013, contudo, a empresa fechou um acordo que pôs fim às ações, por R$ 300 milhões, e assinou um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público e órgãos federais em que se comprometeram a compensar os danos causados. No início deste ano, porém, a Chevron incluiu o controle do campo de Frade no pacote de desinvestimentos da companhia, que vendeu o ativo para a produtora independente de petróleo brasileira Petro Rio SA.  Segundo a Bloomberg, o valor negociado entre as empresas  ultrapassa os US$ 500 milhões.

 

A meta da Chevron no Brasil agora é transformar a tragédia de Frade em coisa do passado. Isso porque, a partir de 2018, a petrolífera começou a competir por campos em águas ultraprofundas na região do pré-sal. Vencedora em dois blocos, em parceria com a Petrobras e a Shell, a Chevron já arrematou uma área total de 1.922 km² e produziu, em dezembro, o equivalente a 15 mil boed, segundo dados da ANP

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