Mesmo com quedas nos indicadores operacionais e comerciais, Petrobras deve garantir resultado positivo no 1T23

Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indicam que, no primeiro trimestre de 2023, a Petrobras deverá registrar resultado financeiro positivo: (i) Lucro Líquido de R$ 30,7 bilhões; (ii) Receita Líquida de R$138,3 bilhões; (iii) EBITDA Ajustado de R$ 66,4 bilhões; e (iv) Distribuição de dividendos entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores. A Petrobras divulga na próxima quinta-feira (11/05) o balanço dos seus resultados operacionais e financeiros do primeiro trimestre de 2023.

 

 

A projeção positiva dos resultados neste primeiro trimestre guarda forte relação com a elevação dos preços médios de venda dos derivados no mercado interno, em especial do diesel e gasolina, em comparação com seus respectivos preços no 1T22, o que preservou o patamar das receitas de vendas da companhia. Segundo as estimativas do Ineep, os preços médios dos derivados cresceram, em média, 3,2%, nessa comparação anual, saindo de R$ 532,00 por barril no 1T22 para R$ 549,00 no 1T23. A queda de 0,2% no volume de vendas de derivados no mercado interno, na comparação anual, reforça o papel central da política de preços da Petrobras (PPI) nesse resultado positivo.

 

 

Tabela – Estimativas do Balanço da Petrobras 1T2023 (em R$ bilhões)

Fonte: Petrobras e estimativas do Ineep.

 

Os resultados do primeiro trimestre de 2023 deverão ser impactados por lançamentos não recorrentes , isto porque a companhia comunicou o recebimento de aproximadamente R$ 11,4 bilhões pela venda de um ativo, quatro earnout de contratos anteriores, além de processo de leniência e colaboração premiada:: (i) conclusão da venda de sua participação no campo de Albacora leste, na bacia de Campos (R$ 8,4 bilhões); (ii) complemento de compensação firme (eranout) do exercício de 2022, referentes a Atapu (R$ 660 milhões), Sépia (R$ 1,3 bilhão) e Baúna (R$ 430 milhões); (iii) acordo de leniência com a empresa UOP LLC (R$ 456 milhões); e, por fim, (iv) acordo de colaboração premiada firmado entre MPF e Sr. Rogério Santos de Araújo (R$ 132 milhões).

 

 

Em linhas gerais, o resultado positivo estimados para a companhia no 1T23, em comparação ao 1T22, são fruto de dois elementos centrais, primeiro, da manutenção de elevadas receita de vendas no mercado interno, que seguem a atual política de preços de paridade de importação (PPI), e, segundo, da manutenção de baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do Pré-sal.

 

 

Aumento dos preços dos derivados garantem lucros

Segundo estimativas do Ineep para o 1T23, a receita de vendas da Petrobras foi de R$ 138,3 bilhões, valor 2,4% inferior ao mesmo período do ano passado. Desse total, R$ 101,6 bilhões tem origem nas vendas para o mercado interno, que se mantiveram estáveis na comparação com 1T22 e representaram 73% da receita de vendas total da companhia. As vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 36,6 bilhões, o que significa uma redução de 4,6% e, com isso, passa a representar 26,5% das receitas no 1T23, ante 27% no 1T22.

 

 

As receitas de vendas de derivados para o mercado interno devem representar cerca de 60% do total das receitas da Petrobras no 1T23, o que evidencia como os preços domésticos e a adoção do PPI impactam diretamente os resultados financeiros da companhia. As estimativas do Ineep para o 1T23 reforçam essa percepção, visto que a queda de 0,2% dos volumes comercializados dos derivados foi compensada pelo aumento do preço médio do total de derivados, que subiu 3,2% no 1T23, quando comparado com 1T22.

 

 

A venda parcial do parque de refino da Petrobras, em especial da RLAM e da REMAN, além de impactar na alta dos preços observados no mercado interno, provocou uma elevação das vendas de petróleo da estatal para o mercado nacional. Neste 1T23, essas vendas alcançaram de 194 mil de barris por dia (Mbpd), volume próximo ao observado no 1T22 (198 Mbpd). Segundo estimativas do Ineep, isso deve gerar receitas de R$ 7,3 bilhões para Petrobras no trimestre, as despeito da queda de 20,2% no preço do petróleo Brent, que saiu de US$ 100,9 por barril, na média do 1T22, para US$ 81,1 por barril, na média do 1T23.

 

 

No que diz respeito às vendas da Petrobras para o mercado externo, na comparação dos resultados do 1T23 com o 1T22, verificou-se um aumento de 16,7% no volume de exportação de petróleo e derivados, decorrente, exclusivamente, das exportações de petróleo cru, que cresceram 35,0% neste trimestre, saindo de 543 mil barris por dia no 1T22 para 733 mil barris por dia no 1T23. No entanto, estimou-se uma queda de 7,7% nas receitas com venda totais para o mercado externo, nessa comparação anual.

 

 

Por conta desses resultados, o Ineep projeta que o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) no 1T23 será de R$ 48,8 bilhões, valor 23,2% inferior ao registrado no mesmo período em 2022. Somando esse lucro operacional estimado (considerando a venda de ativos e as compensações) com o resultado financeiro (R$ -4 bilhões) e os impostos (R$ 13,9 bilhões) estimados, obtém-se o lucro líquido estimado de R$ 30,7 bilhões, conforme apresentado anteriormente.

 

 

Geração de caixa e pagamentos de dividendos

Esse lucro estimado da Petrobras proporcionará uma Geração de Caixa Operacional neste trimestre de cerca de R$ 52 bilhões, que é o resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas as atividades operacionais (ver Tabela). De forma indireta, a geração de caixa operacional é calculada somando ou subtraindo itens (ajustes) do lucro líquido que afetam o fluxo de caixa operacional. Com essa geração de recursos, estimou-se um Fluxo de Caixa Livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no 1T23 da ordem de R$ 37,4 bilhões, queda de 7,0% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

 

Com base nas estimativas da geração de caixa operacional e do fluxo de caixa livre e últimas distribuições de dividendos, o Ineep estimou também o montante da distribuição de remunerações para os acionistas entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões. Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,6% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,4% para acionistas privados, dos quais 46,3% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 17,1% para os acionistas privados brasileiros.

Comentários:

Comentar