Ineep estima superlucro para a Petrobras em 2021

Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

Elevação dos preços da gasolina e do diesel, recuperação das vendas e desinvestimentos explicam lucro líquido que poderá variar de R$ 99,7 bilhões a R$ 105,5 bilhões no ano. Acionistas deverão ter R$ 63 bilhões de lucros e dividendos

 


 

Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (Ineep) com base em três cenários diferentes indicam que, no quarto trimestre do ano, a Petrobras deverá registrar expressivo resultado financeiro: lucro líquido de R$ 27,7 bilhões (cenário base), que poderá variar entre R$ 24, 2 bilhões (cenário A) e R$ 29,9 bilhões (cenário C). Assim, no acumulado de 2021, o lucro líquido projetado pelo Instituto foi de R$ 103,3 bilhões (cenário base), podendo variar entre R$ 99,7 bilhões e R$ 105,5 bilhões, respectivamente, nos cenários A e C. Os resultados da estatal serão divulgados na próxima quarta-feira (23/02).

 

O Ineep também estimou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado no valor de R$ 60,0 bilhões e o fluxo de caixa livre de R$ 45,6 bilhões para o quarto trimestre. No acumulado de 2021, o fluxo de caixa livre estimado foi de R$ 172,6 bilhões. Em relação ao Ebitda, calcula-se que o resultado positivo de 2021 chegue a algo próximo de R$ 232 bilhões, montante 62,2% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. Cabe observar que os ganhos de capital da venda de ativos não afetam nem o Ebidta ajustado e nem o fluxo caixa livre. Com isso, não houve necessidade de adotar cenários para estimar essas variáveis financeiras.

 

Os resultados positivos estimados para a companhia em 2021 são fruto de três fatores principais: 1) do aumento das receitas de vendas no mercado interno, decorrente da alta do volume de vendas e, sobretudo, dos preços dos derivados, que seguem a atual política de preços de paridade de importação (PPI) da Petrobras; 2) da redução do custo de produção da companhia; e 3) de entrada de caixa com a venda de ativos de cerca de R$ 30 bilhões no ano.

 

Possíveis Cenários

De acordo com o Ineep, os resultados do quarto trimestre do ano deverão ser impactados por lançamentos não recorrentes referentes à finalização da venda da RLAM (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, (R$ 10 bilhões); ao recebimento da última parcela da venda do bloco exploratório BM-S-8 (R$ 5,3 bilhões); às despesas contábeis com a variação cambial (estimadas em R$ 6,3 bilhões); e, ainda, à possibilidade de mais uma reversão de impairment, assim como observada no terceiro trimestre de 2021, fruto do aumento do preço do petróleo.

 

Esses lançamentos não recorrentes aumentam o grau de incerteza das estimativas, sobretudo, no que diz respeito aos efeitos das vendas de ativos concluídas no quarto trimestre sobre o lucro líquido, haja vista a maior ou menor intensidade dos ganhos ou perdas de capital com essas vendas . Ou seja, não há uma clareza do valor contábil que será efetivamente incorporado pela estatal com o desinvestimento desses ativos.

 

Diante dessas variáveis, o Ineep realizou suas estimativas para o quarto trimestre de 2021 projetando três cenários: 1) o “cenário base”, no qual o ganho de capital foi de 53,0% do valor de venda dos ativos; 2) o “cenário A”, em que o ganho de capital foi de 26,5% do valor de venda dos ativos; e 3) o “cenário C”, no qual o ganho de capital foi de 79,5%.

 

Ineep estima superlucro para a Petrobras em 2021

Fonte: Ineep; (*) sem venda de ativos e sem impairment.

 

Expansão das vendas

As receitas de vendas estimadas para o quarto trimestre de 2021 devem ser significativamente maiores, em comparação ao último trimestre do ano anterior. Seu valor projetado nesse trimestre é de cerca de R$ 132 bilhões, o que deve representar um crescimento da ordem de 86% frente ao quarto trimestre de 2020. No ano de 2021, a receita estimada foi de R$ 450,3 bilhões, crescimento de 65,4% em relação ao ano de 2020.

 

Esse provável resultado positivo de 2021 foi puxado pelo crescimento estimado de 79% das receitas de vendas da companhia no mercado interno, em comparação com 2020. O aumento das receitas, por sua vez, foi impulsionado tanto pelo crescimento no volume de vendas de diesel e gasolina para o mercado interno – que registraram altas de, respectivamente, 16,6% e 19,2%, quanto pela elevação dos preços desses combustíveis (58% no caso do Diesel, e 68% no caso da Gasolina), que acompanharam a política de preços de paridade de importação (PPI) da Petrobras.

 

Para suprir essa expansão da demanda de derivados no mercado interno, a Petrobras aumentou produção de derivados em 1,3% em 2021, isto é, elevou o nível de utilização de suas refinarias de 80%, em 2020, para 83%, em 2021, sendo que no quarto trimestre o fator de utilização alcançou 88%. Isso influenciou a expansão de vendas dos derivados para o mercado interno.

 

Por conta desses resultados operacionais, o Ineep projeta que, em 2021, o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) deverá alcançar cerca de R$ 176 bilhões, 109,5% acima do registrado no mesmo período em 2020. Esse resultado implica em uma margem de lucro operacional estimada da ordem de 39,1% em 2021, maior 8 pontos percentuais em relação ao ano de 2020. Lembrando novamente que, para os resultados operacionais, não há diferença entre os três cenários apresentados anteriormente.

 

Ainda sobre as finanças, especificamente sobre o fluxo de caixa, o Ineep estimou os recursos gerados pelas atividades operacionais no valor de R$ 54 bilhões no quarto trimestre de 2021, o que no acumulado no ano de 2021 significará cerca de R$ 206 bilhões, valor 39,1% superior ao registrado em 2020. Esse aumento aconteceu apesar da redução de 2,0% na produção de petróleo e gás natural em 2021.

 

Com essa geração de recursos, estima-se o fluxo de caixa livre da Petrobras da ordem de R$ 173 bilhões, com crescimento de 53,0% em relação ao ano de 2020. Como anunciado anteriormente, deste total a Petrobras destinará R$ 63 bilhões para a distribuição de lucros e dividendos aos seus acionistas.

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