Ineep e Governo da Bahia vão estudar mercado do hidrogênio verde no estado
O Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), e o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) assinam hoje (10/06) acordo de cooperação técnica que tem por objetivo promover esforços conjuntos para subsidiar o estado da Bahia na estruturação do mercado local de hidrogênio verde e avançar na transição energética para uma economia de baixo carbono de forma sustentável e justa.
O compromisso será firmado durante o “Workshop Bahia, Estado Sede do Refino Verde para o Mundo”, organizado de forma conjunta pela SDE, Ineep, Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), com apoio do Grupo de Comunicação A Tarde. O evento ocorrerá hoje, 10/06, de 8h às 18h, na sede da FIEB.
“Esse workshop é um importante marco para promoção da transição energética e industrialização do Estado da Bahia e, por consequência, para o Brasil. Para o Ineep é a consolidação de um trabalho de pesquisa e esforço institucional de articulação e promoção da transição justa. Trata-se de uma experiência relevante no diálogo entre representações do poder público, setor privado, dos trabalhadores e organizações da sociedade civil para pensar o futuro energético brasileiro e baiano “, comentar o diretor técnico do Ineep, Mahatma Ramos dos Santos.
Na opinião de Santos, essa iniciativa conjunta entre SDE-BA e Ineep, consolidada no termo de cooperação técnica assinado hoje, reforça uma trajetória e acúmulo do nosso Instituto nessa agenda e a nossa intenção de contribuir para o processo de descarbonização e promoção de novas rotas tecnológicas no Brasil.
O Hidrogênio Verde no Nordeste
Para José Sérgio Gabrielli, pesquisador do Ineep, apostar no desenvolvimento do hidrogênio verde no Nordeste, é um caminho para que os programas de transição energética não agravem a diferenciação regional da economia. “Deve-se destacar que há uma clara escolha regional para essa ênfase na rota biológica para os novos combustíveis nessa transição. O etanol e o biodiesel, por exemplo, se concentram nas regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, enquanto as disponibilidades de nova capacidade de geração de energia eólica e solar, que podem desenvolver a cadeia de valor dos derivados inorgânicos associados ao hidrogênio verde estão principalmente no Nordeste”, comenta ele.
Segundo Gabrielli, que tem se dedicado aos estudos para o desenvolvimento e consumo do hidrogênio verde, o Brasil passa nesse momento por uma grande reformulação de suas políticas de transição energética no que se refere a combustíveis, hidrogênio verde, indústria automobilística e transportes. Pelo menos seis iniciativas legislativas e regulatórias estão em andamento: a Política Nacional para o Hidrogênio (PNH2), o Programa Combustíveis do Futuro (Mover), o programa para aviação sustentável, a regulamentação da comercialização de créditos de carbono, a atualização do RenovaBio e a Nova Política Industrial. Além disso, pela sua importância no mercado, deve-se considerar também o Plano Estratégico da Petrobras para 2024-2028.
“Todas essas iniciativas procuram definir um arcabouço legal que viabilize a expansão de empreendimentos que levem a redução das emissões de gases de efeito estufa, visando atingir as metas acordadas no Acordo de Paris. Estão principalmente voltadas para estimular a oferta de novos veículos, de combustíveis com menos emissões, a expansão dos biocombustíveis, da bioeconomia e do biorrefino. Essa ênfase se justifica pelo papel do etanol e biodiesel e o tamanho da frota de veículos flex-fuel no país. Porém, a sua quase exclusividade pode vir a inibir as rotas de combustíveis sintéticos e a ampliação de novos usos para o hidrogênio verde e seus derivados”, ressalta ainda.