Ineep analisa fracasso da 17ª Licitação da ANP para a imprensa
“Os investidores deram um recado ao Brasil e ao governo de que, às vésperas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), nenhuma companhia quer associar seu nome a um desastre ambiental”.
O comentário foi feito pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Henrique Jäger, ao analisar para o jornal Correio Braziliense o resultado da 17ª Rodada de Licitações para exploração de petróleo e gás natural.
Realizado na quinta-feira (07/10) pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (ANP), esse foi, para Jäger o pior leilão desde 1999, quando se iniciaram licitações desse tipo. Foram ofertados 92 blocos e apenas cinco arrematados. Das nove empresas que se inscreveram para o certame, apenas duas, a Shell e a Ecopetrol, adquiriram blocos, todos na Bacia de Santos.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o pesquisador falou sobre os riscos ambientais envolvendo as Bacias Potiguar e Pelotas, duas das quatro bacias oferecidas, o que motivou a mobilização da sociedade e ações judiciais. Na Bacia Potiguar, por exemplo, foram ofertadas áreas próximas ao arquipélago de Fernando de Noronha e ao Atol das Rocas, dois santuários ecológicos.
Jäger comentou ao jornal O Estado de São Paulo:
“A relação entre custos e benefícios para prospectar petróleo nestas fronteiras geológicas se mostrou muito alta para as empresas”
Para ele, o fato de não ter havido propostas para blocos oferecidos na Bacia de Campos deveu-se à proximidade dessas áreas a outras adquiridas em leilões anteriores pela Petrobras e pela Exxon. Em caso de descoberta de petróleo e gás natural, as empresas teriam de negociar compartilhamento de reservatório, prática conhecida na indústria de petróleo como unitização.
“O leilão ficou com uma marca de agressivo ao meio ambiente, e as empresas não quiseram se associar a essa imagem”, afirmou o pesquisador ao Jornal Valor Econômico. A ANP e o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), segundo Jäger, terão de repensar suas estratégias com relação aos futuros leilões de blocos. “As questões ambientais não podem mais ser desconsideradas ou tratadas de forma displicente como foi observado na 17°rodada”, disse ainda ao site Petronotícias.
Comunicação Ineep
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