Em Webinar, Rodrigo Leão debate verticalização das empresas de óleo e gás

 

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) está organizando uma série de quatro webinars no canal da Agência EPBR para discutir os impactos da Covid-19 no setor de óleo e gás. No primeiro programa, William Nozaki falou sobre as medidas emergenciais das petrolíferas. No dia 2 de junho, foi a vez do economista Rodrigo Leão, que debateu a questão da verticalização das empresas de óleo e gás.

O webinar sobre a verticalização das empresas de óleo e gás, em especial, em um cenário de crise econômica e instabilidade nos preços internacionais dos combustíveis contou ainda com a participação de Márcio Félix, presidente da Enp, empresa do setor energético e do economista Fernando Sarti, da Unicamp.

Para posicionar o debate, Rodrigo Leão lembra que esse debate começou nas décadas de 60 70, porque as chamadas “Sete Irmãs”, as grandes majors do petróleo já nasceram como empresas integradas. O grande debate começa mesmo com a criação das empresas estatais ao redor do mundo. Como o setor exige muitos investimentos, o debate nasce justamente sobre as vantagens de se apropriar dos lucros nos vários segmentos da cadeia produtiva e de distribuição.

Mas esse debate muda um pouco nos anos 80, 90, com a queda nos preços internacionais. “Nos momentos de queda de preços, o setor de exploração e produção tende a perder rentabilidade em relação ao refino”, explica Leão. “O que muda no século 21? Nesse momento já temos mais ou menos um consenso formado de que a verticalização é vantajosa. O debate passa a ser qual o modelo de verticalização? A gente não tem mais apenas aquele modelo tradicional “do poço ao posto”. A gente do Ineep brinca que você tem pelo menos mais duas formas: “do pasto ao posto” (incluindo aí os biocombustíveis) e “do poço ao poste” (incluindo o gás natural)”.

O especialista aposta que, num cenário de preços estruturalmente mais baixos, as grandes empresas serão cada vez mais agressivas na verticalização, mas dentro de modelos diferentes.

O tema da transição energética permeou o debate. “Eu acho que não é apenas a questão do preço baixo, é a questão também do preço muito volátil, que não dá estabilidade para planejamento a longo prazo”. Por isso Rodrigo Leão acredita que as empresas vão apostar em diferentes projetos, com uma tendência a diversificação. “Vamos ter dois movimentos importantes: um, empresas que dependem muito de um ativo (como as empresas do shale gas norte-americano) terão dificuldade em sobreviver num cenário de instabilidade de preços. E dois, as empresas de petróleo serão fundamentais para a consolidação das novas formas de energia”.

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