Crise transforma refinaria baiana em maior produtora de combustíveis do país

Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

Usando dados do Ineep, o Estado de S.Paulo revelou nesta terça-feira, 29 de junho, que a crise deu cara nova ao refino no Brasil. Pela primeira vez em uma década, uma refinaria baiana lidera a produção de combustíveis no país, ultrapassando São Paulo. Isso acontece porque a Rlam, instalada no município de São Francisco do Conde (BA), é a mais capacitada para fabricar os derivados de consumo marítimo que têm sustentado a estatal neste período de escassez – o bunker oil e correntes de óleo combustível de baixo teor de enxofre (bte).

 

Nos quatro primeiro meses deste ano, a refinaria baiana respondeu por 14,8% da fabricação total de derivados de petróleo da estatal, um crescimento de 2,9 pontos porcentuais em dois anos. Já o desempenho da Replan (SP), que por uma década foi a mais importante fabricante nacional e hoje ocupa a segunda colocação, com 14,4% do total, caiu 6 pontos porcentuais no mesmo período.

 

Os números são do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), que utilizou em seu cálculo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e da Petrobrás.

Segundo o coordenador do Ineep Rodrigo Leão, “com o aumento da demanda pelo bunker e queda do consumo de derivados claros, a Rlam ganhou relevância na Petrobrás. A empresa possui um parque de refino diversificado que permite atender diferentes necessidades de mercado. Se tivesse um parque de refino mais concentrado regionalmente e na produção de determinados de derivados, perderia essa oportunidade”.

Regulação internacional favoreceu petróleo brasileiro

Desde janeiro deste ano, o bunker e o óleo combustível de baixo teor de enxofre (bte) são cobiçados pelo mercado internacional de navios, que foi obrigado a se adequar a uma nova exigência internacional de consumo de combustíveis menos prejudiciais ao meio ambiente. O petróleo do pré-sal possui baixo teor de enxofre e o produto brasileiro ganhou espaço internacional. A exportação de óleo combustível pela Petrobrás cresceu 11,5% na passagem do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano, ajudando a aumentar sua geração de caixa no período. Em maio, a empresa ainda bateu novo recorde de vendas externas – 1,1 milhão de toneladas de óleo combustível. A companhia não informa, porém, quanto desse volume é relativo a bunker e óleo combustível bte. Mas menciona a oportunidade gerada pela expansão desses mercados.

 

No Brasil, a Petrobrás tem facilidade de fabricar os dois produtos porque possui matéria-prima e parque de refino adequados a isso. Na Rlam, processa o petróleo das bacias de Campos e Santos, misturados a cargas menores do Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia, como informou a companhia, por meio de sua assessoria de imprensa.

 

Futuro incerto

Apesar do sucesso, a Rlam está na lista de privatizações da estatal. O processo de venda foi interrompido na crise, mas será retomado assim que o ambiente de negócios melhorar. Na semana passada, a refinaria recebeu propostas de grupos internacionais para sua compra, mesmo nesse momento de pandemia quando os ativos das petrolíferas sofreram grande desvalorização. A intenção da Petrobras é manter com ela apenas as refinarias da região Sudeste, com a justificativa de que são mais rentáveis.

 

Leia a matéria original no Estadão.

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