Campanha pede investigação em acordo com Cade para privatização de refinarias

Campanha pede investigação em acordo com Cade para privatização de refinarias

Empregado da Rlam
Empregado da Rlam

Empregado em frente a unidade da Rlam na Bahia. Segundo Ineep, privatização não aumentará concorrência e ainda criará oligopólios privados

Sindicalistas e parlamentares lançaram na última sexta-feira (7) a campanha intitulada “Petrobrás Fica”, com o objetivo de denunciar o acordo entre a empresa e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que prevê a privatização de oito das 13 refinarias da estatal. De um lado, Cade e Petrobras alegam que o acordo visa aumentar a competitividade do mercado. De outro, trabalhadores e parlamentares da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras denunciam que a decisão precisa ser investigada pelo Ministério Público Federal pela falta de transparência e por ameaçar o futuro do país.

O acordo foi fechado para encerrar uma investigação aberta junto ao Cade pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) por práticas anti-competitivas. No entanto, o processo não foi nem mesmo julgado. Após menos de dois meses de investigação, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, assinou um acordo se comprometendo com a venda das empresas. Castello Branco, que está à frente da companhia desde janeiro do ano passado, é um entusiasta da privatização da empresa. Menos de um mês após o acordo para vender as refinarias, a Petrobras assinou outro documento junto ao Cade, comprometendo-se a vender ativos do mercado de gás natural.

O senador Jean Paul Prates (PT/RN), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras, denunciou o acordo no lançamento da campanha. “Esse processo precisa ser esclarecido: o Cade nem chegou a concluir por dominação de mercado. Não chegou a investigar nada, e a Petrobras, sem apresentar defesa, foi logo sacrificando metade do seu parque de refino”, advertiu. “É muito grave e o resultado será desastroso”.

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíves (Ineep) já realizou alguns trabalhos contrapondo o argumento do Cade. O Ineep demonstrou que as refinarias da Petrobras estão geograficamente posicionadas de uma forma que, independente do controlador, haverá uma espécie de monopólio regional. Tanto a infraestrutura logística, como o perfil de produção individualizado de cada refinaria dificulta – e em alguns casos praticamente impede – que haja uma concorrência entre elas.

 

Lista das refinarias

Pelo acordo, ficou estabelecida a venda das seguintes unidades: Abreu e Lima, em Pernambuco; Unidade de Industrialização de Xisto e Refinaria Presidente Getúlio Vargas, ambas no Paraná; Refinaria Landulpho Alves, na Bahia; Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais; Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul; Refinaria Isaac Sabbá, no Amazonas; e Refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste, no Ceará. O desinvestimento das refinarias deve ser concluído até 31 de dezembro de 2021.


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A Federação Única dos Petroleiros e a Agência PT produziram em conjunto um texto extenso sobre a campanha e as irregularidades no acordo.

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