Bahia lidera geração de energias renováveis no Brasil

Complexo eólico em Brotas de Macaúbas- BA. Foto: Mateus Pereira

Complexo eólico em Brotas de Macaúbas- BA. Foto: Mateus Pereira.

 

O estado da Bahia tem se tornado o principal produtor de energias renováveis do Brasil ao longo de 2019. De acordo com a ONS, em novembro, o estado baiano atingiu com essas fontes uma produção mensal média de 2.150 MW, número 14,2% superior ao mesmo período em 2018. Essa energia é suficiente para o abastecimento de 8,5 milhões de casas populares. 

 

Segundo dados mensais do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), até dezembro do ano passado o estado do Rio Grande Norte era o líder no ramo dos renováveis, encerrando 2018 com uma produção média de 1.620 MW. No entanto, desde janeiro de 2019, a produção baiana tem superado a dos demais estados no que se refere a geração de energia eólica e solar (Gráfico 1).
 
 
Gráfico 1 – Geração de Energia Eólica e Solar por Estado (2018-2019) – Mwmed
Geração de Energia Eólica e Solar por Estado (2018-2019) – Mwmed

 Fonte: ONS.

 

Ao desagregar os dois segmentos, nota-se que a produção baiana de energia eólica obteve um expressivo aumento nos últimos doze meses, saltando de 1.751 MW, em 2018, para 1.927 MW, em 2019, o que representa um crescimento de 10,1%. Essa expansão está em parte relacionada com a realização de projetos na região da Chapada Diamantina, sobretudo entre os municípios de Morro do Chapéu e Irecê. Embora já sejam resultados positivos, a expectativa para 2020 é ainda maior, uma vez que com a entrada em operação dos projetos já contratados a estimativa é que no próximo ano a Bahia produza mais 3.500 MW de energia, alcançando assim uma produção média estimada de 5.900 MW, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

 

Já na energia solar, a Bahia não apenas lidera o ranking nacional desde 2018, concentrando 25% do parque solar brasileiro, como também tem apresentado expressivo crescimento desde então. Nos últimos doze meses, a média de produção cresceu o equivalente a 67,6%, saindo de 132,7 MW em novembro do ano passado para 222,5 MW, em novembro deste ano. Parte desse aumento está associado à expansão das instalações de Geração Distribuída (GD), unidades de geração de energia fotovoltaica instaladas próximas ao local de consumo, um mercado que só esse ano cresceu 158%, capaz de gerar 36,6 MW de potência instalada, de acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia. Quanto ao GD, aliás, um dos aspectos fundamentais para o aumento das instalações é a criação do IPTU Amarelo, programa de incentivo fiscal com descontos de até 10% no Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) para os estabelecimentos que adotarem energia solar em Salvador.  

 

Observa-se, portanto, que crescimento da produção de renováveis na Bahia está diretamente relacionado a uma mudança de postura que os governos do Estado e municípios adotaram nos últimos anos. Um dos principais desafios para o desenvolvimento de parques eólicos e solares no Nordeste, de acordo com especialistas, foi e continua sendo a insegurança nas negociações das terras – que, somados a dificuldade na conexão das linhas de transmissão e questões ambientais – colocam a região em um paradoxo de enorme potencial energético contrastado por igualmente grandes dificuldades operacionais. Preocupados com esses entraves, o governo da Bahia tem adotado uma postura agressiva no segmento de energia, criando padrões de regularização fundiária e de licenciamento ambiental, além de adotar incentivos fiscais, para atrair a indústria de renováveis para a região. 

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