Aumento nas vendas internas e exportações garantiram lucro da Petrobras
CartaCapital
A Petrobras divulgou na quarta-feira (04/08) os resultados operacionais e financeiros do segundo trimestre de 2021. Segundo a companhia, o lucro líquido foi de R$ 42,9 bilhões, resultado do aumento de vendas para o mercado interno e pelas maiores margens no refino.
O resultado também foi particularmente beneficiado pelos ganhos com variações cambiais, revertendo o resultado negativo do trimestre passado de R$ 18,7 bilhões e tiveram um impacto positivo de R$ 23,6 bilhões. Outro fator foi o ganho complementar com a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, de R$ 2,5 bilhões.
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O lucro foi explicado, em boa parte, pela elevação de 117,5% na receita total de vendas em comparação ao mesmo período do ano passado, contabilizando 110,7 bilhões de reais. Esse resultado positivo foi puxado principalmente pelo aumento no volume de vendas de diesel e gasolina para o mercado interno – que registraram altas no trimestre de, respectivamente, 28,8% e 36,6%. Também houve significativo aumento nas vendas de gás natural e energia elétrica, que obtiveram uma expansão de, respectivos, 46,4% e 207,0%.
Além do aumento nas vendas, a receita de vendas da Petrobras também foi impulsionada pelo aumento do preço dos seus derivados no mercado interno em 102,9%. Reflexo da política de preços de paridade de importação (PPI) adotada pela estatal, que reajusta o preço dos derivados a partir de mudanças nas cotações internacionais do petróleo, na taxa de câmbio e custos logísticos, o crescimento das vendas da Petrobras no mercado brasileiro, somado as altas nos preços dos derivados, fizeram com que a receita de vendas da companhia para o mercado interno saltasse 123,3% no 2T21, ficando em R$ 75,3 bilhões.
No mercado externo, as receitas da Petrobras tiveram um resultado semelhante, expandindo 106,2% em comparação ao 2T20. Isso se deu sobretudo pela forte valorização do preço do Brent, que obteve um salto anual de 135,7%, ao mesmo tempo em que houve aumento nas exportações de petróleo cru, de 8,0%.
O crescimento nas receitas de vendas com exportações sinaliza que a Petrobras tem se aproveitado das condições externas para diversificar os destinos das suas vendas de petróleo cru e derivados para além da China, avançando para outros mercados como Estados Unidos, Índia, Portugal e Holanda. Tendo em vista que a demanda de petróleo voltou a crescer nos principais mercados internacionais, acrescido pelo aumento dos preços do barril, corroboraram duplamente o resultado positivo.
A elevação da receita total de vendas foi o item que mais afetou positivamente o lucro antes do resultado financeiro e impostos (cerca de 61 bilhões), no 2º trimestre de 2021. Esse lucro foi beneficiado em virtude do resultado financeiro positivo de 10,8 bilhões de reais, particularmente favorecido pelos ganhos com variações cambiais, refletindo a valorização do real frente ao dólar. Com isso, o lucro antes dos impostos foi de R$ 57,0 bilhões.
Ainda sobre as finanças, a Petrobras no último trimestre reduziu consideravelmente o seu nível de endividamento, alcançando uma relação dívida líquida/EBITDA de 1,49 – valor mais baixo do que a meta de 2,5 que a empresa havia sinalizado em 2017 como principal motivo para a venda de seus ativos.
Essa redução do endividamento foi possível com a ampliação de 26,5% na geração de recursos operacionais no 2T21 frente ao 2T20. Isso permitiu a Petrobras, ao mesmo tempo, pagar suas despesas financeiras, sem grande necessidade de capitação de novos financiamentos.
Os dados em tela, portanto, reiteram a importância do mercado interno para a Petrobras, principalmente neste período em que a economia brasileira dá os seus primeiros sinais de recuperação pós-pandemia. Mostram, também, que a Petrobras no último trimestre obteve um ganho significativo com o encarecimento dos preços dos combustíveis.
Esse ganho é resultado da agressiva política de preços nos derivados, fruto da escolha da Petrobras de repassar a variação internacional do petróleo aos consumidores brasileiros. O repasse reforça o compromisso da atual gestão em privilegiar acionistas – uma vez que no mesmo dia em que divulgou os seus resultados do 2º Trimestre, a Petrobras aprovou a antecipação da remuneração aos acionistas relativa a 2021, no valor total de R$ 31,6 bilhões – enquanto o restante da população sente os efeitos perversos dessa administração.
Artigo publicado originalmente na CartaCapital.
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