A reação da Opep+ ao G7 para manter o controle sobre o preço do petróleo
Estadão
O mercado de petróleo voltou a entrar em ebulição com o anúncio do grupo conhecido como Opep+, que inclui os países da Opep mais Rússia e outros nove produtores aliados do país do leste europeu, de cortar a produção de petróleo em dois milhões de barris por dia, partir de novembro. A ação da Opep+, que deve frear a queda do preço do barril de petróleo, tem gerado críticas dos países ocidentais, pois pode afetar a inflação global e intensificar a desaceleração econômica no mundo.
Todavia, poucos especialistas têm observado que, na verdade, a medida da Opep+ é uma reação a uma tentativa dos países do G7 de ampliarem as sanções sobre a Rússia. O problema dessas novas sanções é que, caso sejam aplicadas, também iriam atingir os grandes produtores de petróleo do Oriente Médio, além de reduzir o controle dessa região sobre o preço da commodity.
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Antes do anúncio do corte da produção da Opep+, os países do G7 divulgaram, em reunião ocorrida na Alemanha no último dia 02 de setembro, uma nova sanção ao mercado petrolífero russo. A ideia era estruturar um mecanismo global que permitisse a criação de “teto” de preço (price cap) para o petróleo russo. Mas, como os países do G7 iriam impor esse “teto” aos compradores da commodity russa?
O mecanismo funcionaria da seguinte forma: os compradores do petróleo russo somente poderiam ter acesso aos serviços financeiros e de seguros para o transporte da mercadoria se aderissem ao limite de preço estabelecidos pelo G7, em acordo com outros “parceiros internacionais”. Caso um país não adquirisse o petróleo dentro da margem definida, a sua cobertura do seguro de entrega seria bloqueada. Como cerca de 95% da frota mundial de petroleiros está coberta pelo Grupo Internacional de Clubes de Proteção e Indenização em Londres e algumas empresas sediadas na Europa continental e nos EUA, os países do G7 teriam pleno controle na liberação ou não dos seguros de transporte do petróleo. Dessa forma, na prática, a decisão de liberar ou não transporte do petróleo seria de empresas americanas e europeias.
Com isso, os países do G7 tinham a expectativa de forçar a derrubada do preço do petróleo da Rússia, tornando a sua produção inviável no curto prazo. Segundo analistas internacionais, o price cap seria em torno de US$ 40 e US$ 50, o que criaria grandes dificuldades para as empresas russas manterem suas exportações num patamar elevado.
Desde que o G7 anunciou o interesse de implementar esse mecanismo, os preços do petróleo começaram a cair de maneira significativa. Em 29 de agosto, o preço do barril do petróleo Brent – o principal referencial no mundo – se estabilizou em US$ 102,93 e o do barril Urals – principal benchmarking russo – em US$ 78,79. Cerca de um mês depois, em 30 de setembro, os dois referenciais caíram cerca de 18%, com o Brent chegando ao valor de US$ 85,14 e o Urals em US$ 64,52.
Com efeito, a Rússia viu não apenas o preço do seu barril cair, mas o diferencial em relação ao Brent também diminuir, o que começou a colocar em risco sua estratégia de vender petróleo barato principalmente para a Ásia, mas a um valor que garantisse a rentabilidade das empresas russas.
Todavia, além de afetar o mercado russo, essa sinalização do G7 começou também a impactar os grandes exportadores do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. No mesmo período, o preço do petróleo Dubai caiu cerca de 8%. Dessa forma, a ofensiva do G7 deixou de afetar exclusivamente à Rússia, atingindo também os demais produtores da Opep.
Por isso, agora no início de outubro, a Opep+ anunciou o corte da produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia (cerca de 5,5% das suas exportações globais). Embora os analistas acreditem que seja improvável uma queda tão rápida até o fim do ano – a Rystad Energy, por exemplo, diz que a produção deve diminuir em 1,2 milhão de barris por dia –, o mercado de petróleo já sentiu a reação da Opep+. De 30 de setembro até 10 de outubro, o petróleo Brent já subiu 10%, o Urals 14% e o Dubai 5%.
A expectativa agora é que o preço do barril do petróleo Brent deve encerrar num valor mais elevado do que o previsto anteriormente. As projeções, até setembro, eram de que os preços do petróleo cairiam até o final do ano, mas após a decisão da OPEP+, o valor do barril poderia agora atingir mais de US$ 100 em dezembro, acima da projeção anterior de US$ 89. “Acreditamos que o impacto do preço das medidas anunciadas será significativo”, disse o vice-presidente Jorge Leon da Rystad Energy.
Ao reduzir a produção, a Opep+ também está procurando fazer uma declaração aos mercados de energia sobre a coesão do grupo durante a guerra da Ucrânia e sua vontade de agir rapidamente para defender os preços, dizem os analistas. Na verdade, como lembrou Richard Bronze, o head de geopolítica da consultoria Energy Aspect, alguns produtores de petróleo enxergam a ação do G7 como um precedente para que esses países “baixem os preços de forma mais geral, iniciando uma fase de maior controle sobre as flutuações do barril”. Tais preocupações explicam a reação da Opep+ em dar uma “resposta tão impopular para Washington”, acrescentou ele.
Em contrapartida, os funcionários da administração Biden dizem que o presidente ordenaria ao Departamento de Energia que liberasse 10 milhões de barris adicionais de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo em novembro. Todavia, isso representa somente cinco dias do corte anunciado pela Opep+ e deve ter poucos efeitos concretos no mercado global de petróleo.
Esse novo episódio deixa claro que os movimentos no preço do barril do petróleo continuam sendo uma resposta dos acontecimentos geopolíticos atuais. Nesse processo, fica claro que o suposto isolamento russo no mercado internacional está longe de ocorrer. Isso porque não está em jogo apenas a possibilidade de a Rússia vender ou não petróleo, mas sim o controle do preço da principal commodity global.
E a atual estratégia Rússia de vender petróleo com desconto para a Ásia, principalmente a China, permitiu ao mesmo que os chineses pudessem atuar num “novo mercado” de petróleo, no qual o país tinha pouca influência. E, ao mesmo tempo, tem permitido aos países da Opep venderem seu petróleo a preços mais elevados. Ou seja, esse arranjo que envolve Rússia, China e Opep estão permitindo a esse grupo uma redefinição do mercado petrolífero que é fundamental para o controle de umas das variáveis mais importantes da indústria: o preço.
Artigo publicado originalmente no Estadão.
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