Conflitos ambientais comprometem o futuro do petróleo no Alasca

Foto: Vitstudio / Shutterstock.

 

Quinto maior estado produtor de petróleo dos Estados Unidos, o Alasca enfrenta atualmente um cenário paradoxal: de um lado, a região concentra uma das áreas mais prósperas de petróleo; de outro, parte dessas regiões está localizada em áreas protegidas por leis de preservação ambiental. A polêmica atinge diretamente uma das maiores petrolíferas americanas, a ConocoPhillips, empresa que além de ser a maior produtora do estado, detém as maiores reservas entre os seus concorrentes.

 

Com produção equivalente a 186 mil barris de óleo por dia e uma reserva provada de 1,8 bilhões de barris, a ConocoPhillips é a maior produtora de petróleo bruto do Alasca e a maior proprietária de arrendamentos de exploração, com aproximadamente 1,3 milhão de acres líquidos não desenvolvidos na região. Esses números representam a importância do estado para os negócios da empresa, uma vez que dos 4,4 bilhões de barris distribuídos nas reservas de 17 países, aproximadamente 34% delas está concentrada nos campos do Alasca.

 

O maior desses campos está situado na baía de Prudhoe, uma das áreas com as maiores reservas de petróleo do mundo, possuindo mais de 800 poços produtores ativos. A ConocoPhillips tem 36% de participação sobre a produção nesses campos operados pela BP. Outra área de interesse é Kuparuk, região a oeste de Prudhoe, onde está localizado um dos maiores campos onshore dos EUA. Segundo a empresa, em 2018, a produção de petróleo bruto em Kuparuk foi de 41 mil barris. A ConocoPhillips é a operadora deste campo e detém 95% das reservas da área.

 

Além disso, a petrolífera reforçou seu interesse no Alasca adquirindo novos arrendamentos na área da encosta norte ocidental do estado, onde está o campo de Alphine, cuja exploração é considerada um modelo de inovação tecnológica para minimizar os impactos ambientais das perfurações no Ártico.

 

Apesar dessas inovações tecnológicas, os projetos da ConocoPhillips no Alasca são frequentemente alvo de críticas de grupos ambientalistas. Os opositores à exploração afirmam que a região é uma das maiores extensões de terra intocada nos EUA, e a busca de petróleo poderá danificar para sempre a sua paisagem, gerando consequências irreparáveis ao seu ecossistema. Como exemplo desses danos, destaca-se o acidente do navio petroleiro Exxon Valdez, que naufragou no Estreito de Prince William, em 1989, causando um derramamento de 37 mil toneladas de óleo cru que se espalhou rapidamente pela costa do estado.

 

Mais recentemente, a BP foi responsável por um enorme vazamento de óleo no campo de Prudhoe, em 2006. Ocasionado por uma fratura em seu oleoduto, o acidente interrompeu por meses as atividades do maior duto de petróleo da empresa nos EUA, que até o momento do acidente transportava o equivalente a 400 mil barris por dia, mas que se viu forçado a encerrar as operações após denúncias de mortes em grande escala de animais marinhos que viviam na região.

 

Em meio aos protestos de ambientalistas, a administração Trump optou, em setembro deste ano, por flexibilizar as leis de extração de petróleo e gás em toda a planície costeira do Ártico, considerada uma das principais reservas de preservação da vida selvagem dos EUA e um dos locais com maior vulnerabilidade em relação às mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global.

 

Motivo de frustração para os ambientalistas, a notícia, no entanto, foi recebida com entusiasmo pela indústria petrolífera. Segundo o vice-presidente da ConocoPhillips, Matt Fox, após as mudanças regulatórias, o Alasca tornou-se umas das regiões com melhores perspectivas de exploração de petróleo e gás no mundo.

 

A atuação de petrolíferas na região do Ártico traz à tona um importante debate sobre os limites entre a exploração e os danos ambientais que este processo pode causar. A tendência, ao menos a curto prazo, é de que a exploração no Alasca se intensifique, visto que tanto o governo Trump quanto as petrolíferas americanas parecem não possuir grandes preocupações relacionadas ao meio ambiente e investem numa atuação mais agressiva de exploração e produção de petróleo, mesmo em locais protegidos contra perfurações por décadas.

 

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