Entre a privatização e a expansão: o futuro da Ecopetrol

Foto: O Petróleo.

A estatal colombiana Ecopetrol encerrou 2018 com o melhor resultado financeiro dos seus últimos cinco anos, registrando lucro líquido de US$ 11,5 bilhões e um aumento 74,6% em relação ao ano anterior. Mesmo com os números extraordinários, entretanto, o governo do presidente Ivan Duque pretende vender 8,5% da participação estatal ainda neste ano, embora o CEO da estatal seja contrário à decisão. Entenda:

No final de março, a Ecopetrol divulgou, em assembleia aos acionistas, além dos resultados operacionais e financeiros do último ano, o seu planejamento estratégico 2019-2021. Segundo o CEO da empresa, Felipe Bayón Pardo, entre os objetivos da Ecopetrol para os próximos anos estão a exploração e produção offshore no pré-sal brasileiro e na costa caribenha, bem como de não convencionais na Colômbia.

Visando intensificar uma atuação internacional no médio prazo, a estatal colombiana tem se mostrado cada vez interessada, de um lado, no potencial do pré-sal brasileiro e, por outro, em águas profundas no Caribe.

Em setembro do ano passado, a Ecopetrol arrematou na 5ª Rodada de licitação 20% de participação no bloco Pau Brasil, em consórcio com a britânica BP (50%) e a chinesa CNOOC (30%). A expectativa é que a perfuração do primeiro poço comece em agosto de 2020. Além de Pau Brasil, a empresa fechou, em dezembro, um acordo com a Royal Dutch Shell e a Chevron para a exploração no bloco de Saturno, marcada para iniciar as atividades de perfuração em janeiro de 2020.

Ao mesmo tempo, na costa caribenha a Ecopetrol assinou, em março deste ano, um acordo de exploração e produção offshore para um bloco de aproximadamente 400.000 hectares no Caribe.

Ademais, Bayón informou que os esforços da empresa estão na produção de óleo não convencionais em Magdalena Medio, uma das maiores reservas do país. Neste sentido, o presidente tem sido enfático ao afirmar o potencial colombiano em suas reservas de óleo não-convencional. De acordo com dados da Ecopetrol, hoje o país possui reservas de 2 bilhões de barris de óleo equivalente, no entanto, com a implantação do fracking, as reservas podem ser elevadas entre 4 bilhões a 6 bilhões de barris.

Para tanto, Bayón afirmou que a petroleira pretende investir entre US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões até 2021, que serão destinados a 82% de exploração e produção, 8% de transporte, 7% de refino, 2% de empresas e 1% de outros. Com essa estratégia, a Ecopetrol foca sua ação quase que exclusivamente na exploração e produção e, a partir desses investimentos, espera incrementar sua produção até 2021 visando alcançar 750.000-770.000 barris diários.

Mesmo com dados e números tão promissores, o governo colombiano tem sinalizado a venda de uma participação de 8,5% na Ecopetrol, avaliada em cerca de US$ 3,6 bilhões. Atualmente com 88,5% da petrolífera, as justificativas de privatização pelo governo são muitas: o desafio de cumprir as metas de déficit fiscal deste ano, o aumento dos custos com a crise migratória da Venezuela, além das despesas de implementar programas do acordo de paz de 2016 com os rebeldes esquerdistas. A venda de parte da Ecopetrol, nesse aspecto, serviria para ajudar o governo a evitar cortes nos programas de investimento público.

Por outro lado, o presidente da Ecopetrol tem se manifestado contrário à ideia de o governo vender os ativos da empresa. “Eu não acho que haja necessidade neste momento de fazer a venda”, disse Bayón durante uma entrevista em Nova York. “Queremos aumentar os volumes de 1,1 para 1,25 milhões de barris. As margens do Ebitda são muito boas, entre 75 e 80 por cento”, afirmou. “Esta é uma parte muito boa do negócio. Por que queremos vendê-lo?”