Nova política de preços da Petrobras completa um ano e cumpre seu papel de mitigar a volatilidade dos preços aos consumidores
A nova política de preços da Petrobras para a gasolina e o diesel foi exitosa em seu primeiro ano, completado este mês. Contribuiu para a redução dos preços médios dos derivados no parque de refino da estatal, mitigou a exposição do mercado nacional a choques externos e garantiu resultados financeiros robustos para a companhia. A análise é do diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos.
Segundo ele, entre maio de 2023 e maio de 2024, os preços praticados nas refinarias da estatal foram em média 11,6% menores no caso da gasolina e ficaram praticamente estáveis no caso do diesel, com variação positiva de 0,5%. Na contramão, os preços de referência do PPI, calculados pela ANP e única referência da desastrosa política de preços da estatal vigente entre 2016 e 2022, cresceram 9,3% e 13,1%, respectivamente, nos casos da gasolina e do diesel.
“A Petrobras contribuiu decisivamente para mitigar o repasse da volatilidade dos preços internacionais para o mercado interno ao flexibilizar os parâmetros de sua política comercial, mesmo com a reoneração dos combustíveis”, acrescentou Santos.
Cálculos do Ineep, revelam também que, quando comparados às refinarias privatizadas, Mataripe (BA) e Ream (AM), os preços praticados pelas unidades de refino da Petrobras foram ainda menores: na média de 7,0% no caso da gasolina e de 6,8% no caso do diesel. “Estes dados revelam que a política de desinvestimentos adotada pela companhia não contribuiu para redução dos preços, tampouco para ampliação da concorrência e atração de mais investimentos no setor. De fato, foram criados monopólios privados distanciados das necessidades nacionais e desses mercados regionais”, disse ainda.
Apesar da saída da Petrobras dos segmentos de distribuição e revenda de derivados, após a privatização da BR Distribuidora, em 2021, a nova política de preços da Petrobras também contribuiu decisivamente para uma menor pressão inflacionária aos consumidores no Brasil. Nos últimos 12 meses, os preços médios da gasolina e diesel subiram cerca de 7,0% no país, variação explicada, principalmente, pela reoneração desses combustíveis e recomposição de margens de lucro dos segmentos de distribuição e revenda.
Santos destacou porém que “mesmo bem-sucedida, a mudança nas política comercial da companhia deve estar associada a novos investimentos para expansão do parque de refino nacional de forma a garantir autonomia e segurança ao abastecimento nacional e uma exposição ainda menor do mercado brasileiro a possíveis choques externos nos preços dos derivados”.