Medidas de Biden geram tensões na indústria offshore americana
Broadcast Energia
A vitória do candidato democrata Joe Biden nas últimas eleições dos Estados Unidos gerou, por um lado, esperança para os defensores do avanço da indústria de energia limpa no país e, por outro, apreensão nas empresas americanas do setor de petróleo e gás natural. Em discurso realizado logo após sua posse, Biden anunciou a adoção de medidas duras contra a indústria fóssil, a principal delas a suspensão de arrendamentos de áreas exploratórias de petróleo e gás em terras federais.
Essa medida deve afetar principalmente a indústria offshore do Golfo do México, onde a maior parte da região é formada por terras federais. Há um temor de que isso poderia ameaçar a autossuficiência energética americana. Todavia, outros analistas consideram que uma redução no Golfo do México acarretaria numa diminuição do ritmo de crescimento da produção americana. Esse processo significaria um impulso à elevação dos preços do petróleo o que auxiliaria o restante da indústria petrolífera americana.
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No último dia 27 de janeiro, o presidente americano assinou um memorando promovendo ações para acelerar a mudança climática no Estados Unidos. As três principais medidas foram a suspensão do arrendamentos de terras federais para novas perfurações de petróleo e gás natural, a eliminação de subsídios aos combustíveis fósseis e a transformação da frota de carros e caminhões do governo em veículos elétricos.
Apesar dessas ações, Biden garantiu que não iria banir as atividades de petróleo e gás, inclusive do fracking – técnica utilizada para a produção do shale gas e do tight oil, principais fronteiras exploratórias dos Estados Unidos. O presidente disse:
“Não vamos proibir o fracking. Protegeremos e aumentaremos empregos, inclusive por meio de padrões mais rígidos, por meio de controles de vazamentos de metano e trabalhadores sindicais dispostos a instalar as mudanças”.
Essa ressalva mostra como o assunto será conduzido de forma cautelosa pelo governo federal. Mesmo assim, as medidas já anunciadas motivaram forte reação das grandes empresas do setor. Em entrevista à Bloomberg TV, o diretor financeiro da Chevron, Pierre Breber, alertou que as restrições promovidas por Biden devem ter como consequência a transferência dos recursos financeiros das petrolíferas americanas para o exterior.
Isso mostra que tais companhias pretendem não somente manter como foco da sua atuação o setor de petróleo e gás natural, como, para isso, estão dispostas a abrir mão dos investimentos em solo americano e desloca-los para o exterior.
Esse movimento, segundo os representantes empresariais, poderia ter como um efeito mais grave uma ameaça à autossuficiência energética adquirida recentemente pelos Estados Unidos. “A redução da produção doméstica garantirá aos produtores internacionais, operando com menos regulamentações ambientais, o atendimento da demanda global por produtos petrolíferos, inclusive dos Estados Unidos”, disse Scott Sheffield, diretor executivo da Pioneer Natural Resources Co, para a mesma Bloomberg TV.
Segundo informações da BP, em 2019, a produção americana de gás natural (920,9 bilhões de metros cúbicos) já havia superado o consumo (846 bilhões de metros cúbicos). No caso do petróleo, a diferença tem se reduzido significativamente – em 2019, a produção era de 17,1 milhões de barris por dia (b/d) e o consumo de 19,4 milhões b/d – e a expectativa era de que, na primeira metade dessa década, a oferta interna fosse maior que a demanda.
O crescimento da produção americana permitiu também uma forte redução das importações tanto de gás natural como de petróleo nos últimos anos, revertendo uma tendência que marcava o setor desde os anos 1980. A participação da importação de petróleo e de gás natural sobre o consumo americano, que era de, respectivamente, de 20% e 5% em 1985, subiu para 49% no caso do petróleo e para 20% no gás natural, em 2007. A partir daquele ano se iniciou boom da produção dos Estados Unidos, fazendo com que, em 2019, as importações de petróleo representassem apenas 33% do consumo e as importações de gás natural, 9%.
Boa parte dessa queda se deveu não apenas à produção dos não convencionais (tight oil e shale gas), mas também do petróleo offshore pelas majors americanas, como a Chevron. O receio das empresas desse porte, portanto, é até maior do que a das médias e pequenas, porque a suspensão de arrendamentos das terras federais deve afetar a produção marítima do Golfo do México, onde elas têm mais inserção. Essa região, que já vem sofrendo com a concorrência da exploração do shale gas e do tight oil, poderia ter seu futuro ameaçado.
“A região que suportaria o peso desta proibição são as águas profundas do Golfo do México, uma vez que é inteiramente de propriedade do governo”, disse Elisabeth Murphy, analista da ESAI Energy LLC para a América do Norte. Isso significaria uma queda de 40% na produção do Golfo até 2030”, disse ela. O resultado mais provável é que, mesmo que a proibição se transforme numa desaceleração na permissão de arrendamento de terras federais, a operação no Golfo se tornaria mais difícil. Por isso, as empresas tenderiam a migrar suas atividades para o shale gas e tight oil ou para o exterior.
Outros especialistas veem como positiva uma diminuição das atividades do Golfo do México, pois, com isso, seria possível reduzir a taxa de crescimento da produção americana e, consequentemente, elevar os preços do petróleo nos Estados Unidos. Isso seria positivo para a rentabilidade de outras fronteiras produtoras do país. Como o peso da produção do Golfo do México não é tão alta (cerca de 14% no petróleo e 3% no gás natural em 2020) e ela vem caindo nos últimos anos, uma desaceleração dessa região, além de ajudar no preço e na rentabilidade, não significaria uma queda expressiva na produção americana.
Recente análise da Goldman Sachs, por exemplo, destaca que a desregulamentação da indústria promovida pelo antecessor de Biden permitiu que o fornecimento de petróleo aumentasse ainda mais enquanto o mercado sofria com o excesso de oferta. Portanto, as medidas do atual mandatário americano poderiam eliminar esse excesso, impulsionando os preços. Após o anúncio de Biden, o valor do petróleo americano (WTI) já subiu mais de 10%.
Essas tensões mostram que a disputa sobre o futuro do petróleo e do gás natural não está apenas no campo ambiental, mas nos diferentes interesses econômicos e geopolíticos dos atores envolvidos com essa indústria nos Estados Unidos.
Artigo publicado originalmente no Broadcast Energia.
Comentários:
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