Equinor avança em renováveis, mas segue na busca pelo melhor modelo de investimento

Rodrigo Leão
Broadcast Energia
Equinor avança em renováveis, mas segue na busca pelo melhor modelo de investimento
Equinor avança em renováveis, mas segue na busca pelo melhor modelo de investimento

Sede da Equinor, em Oslo, na Noruega. Foto: Divulgação

A transição energética e a entrada das majors de petróleo na indústria de energia limpa são temas que têm motivado uma série de matérias e análises nos últimos tempos em diversos jornais e revistas especializadas pelo mundo todo. Embora seja uma discussão global, as petrolíferas ainda estão em buscam das estratégias mais adequadas para ingressar nesse segmento, segundo seus objetivos de longo prazo e sua forma de enxergar o segmento de renováveis.

 

A norueguesa Equinor, que iniciou sua trajetória de preocupação com as questões climáticas ainda na década de 1990 por meio de projetos associados à captura e armazenamento de gás carbônico, tem alterado sua estratégia de atuação dos renováveis desde então.

 

De 1996 até meados dos anos 2000, por meio do projeto Sleipner, a petrolífera da Noruega injetou com êxito sete milhões de toneladas de gás carbônico a uma profundidade de mil metros dentro do aquífero salino de Utsira, localizada na região costeira do Mar do Norte. Essa foi praticamente a única medida da empresa em relação à pauta de energia limpa, ou seja, a ação da Equinor ficou restrita à “redução das emissões” naquele período.

 

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Portanto, até os anos 2000, os esforços da empresa na agenda da mudança climática se concentraram na mitigação dos impactos negativos das atividades de exploração e produção de petróleo sobre o meio ambiente, principalmente no exterior.

 

A partir de 2007, quando ocorreu a fusão da empresa com outra gigante do setor, a Hydro, a diretriz estratégica da Equinor para os renováveis passou por uma primeira mudança importante. Isso porque, à época, a Hydro tinha uma atuação mais abrangente em diferentes segmentos industriais, incluindo outras formas de energia. De certa maneira, a expertise da empresa noruguesa se mostrava uma vantagem competitiva para Equinor avançar nesse novo mercado.

 

Com isso, a Equinor adotou uma postura mais agressiva no segmento de energia limpa a partir do seu Plano de Negócios de 2008. Em vez de se preocupar quase que exclusivamente com a emissão de gases poluentes, a estatal norueguesa iniciou com mais vigor suas atividades em formas de produção de energia mais limpa.

 

A escolha foi ingressar em projetos de energia eólica offshore mediante à aquisição direta de participação em operações do setor. De acordo com informações da própria Equinor, até 2017 a companhia participava de três empreendimentos nesse segmento na Grã Bretanha. No primeiro projeto, denominado Sheringham Shoal, que começou sua produção em 2011, a Equinor possui 40% do empreendimento. Nos outros dois (Dudgeon e Hywind Scotland), que iniciaram suas operações em 2017, a petrolífera norueguesa possui 35% e 75%, respectivamente.

 

A Equinor deve ampliar ainda mais suas atividades na eólica offshore, uma vez que outros projetos estão em construção. Ainda na Grã Bretanha, a empresa é concessionária do projeto Dogger Bank (com uma participação de 50%) que pretende construir três parques eólicos, sendo que dois deles já devem começar a funcionar em 2024 e 2025. Na Noruega, a Equinor detém 41% do projeto Hywind Tampen, cujas atividades estão previstas para iniciar em 2022. Diferentemente do que ocorre na Europa, nos Estados Unidos, os noruegueses se decidiram implementar sem parceiros o projeto eólico Empire Wind que deve fornecer até 9 mil megawatts até 2035 no estado de Nova Iorque.

 

Além da participação em projetos operacionais de parques eólicos, a Equinor incorporou à sua estratégia de inserção nas renováveis, a montagem de um fundo de venture capital em 2017. Esse fundo foi pensando para investir um valor de US$ 200 milhões, durante o período de quatro a sete anos, em empresas de energia limpa. Segundo o professor da Inland Norway University, Trond Nilsen, o foco era mais especificamente apoiar os investimentos existentes em energias renováveis, abrir novas oportunidades de crescimento, bem como estimular o desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de negócio.

 

A criação desse fundo marcou um novo reposicionamento estratégico da Equinor na indústria de energia limpa. Junto à operação direta em projetos de eólica offshore, a petrolífera começou a montar fundos e programas de financiamento em empresas de renováveis, adquirir participações de empresas nascentes com elevada capacidade inovativa (start-ups) e diversificar os segmentos de atuação para além da eólica.

 

Em 2018, a empresa inaugurou, junto com outras instituições, um programa denominado Equinor’s Techstars Energy Accelerator que tem como objetivo fornecer financiamento a dez start-ups selecionadas a partir de recursos da Equinor, Techstars e Kongsberg, além de disponibilizar uma rede global de especialistas para acompanhar rapidamente seus negócios. No primeiro ano do programa, uma empresa do segmento de renováveis foi selecionada, a americana Ampaire. A empresa da Califórnia atua na construção de aeronaves elétricas mais verdes, mais silenciosas e menos dispendiosas de operar.

 

Ademais, a Equinor adquiriu uma participação de 50% do ativo de eólica offshore em Arkona na Alemanha, que é operado pela empresa alemã RWE desde 2019 e tem uma capacidade de 385 megawatts. Esse foi o primeiro projeto em que a companhia da Noruega se associou a uma start-up do setor sem atuar como operadora.

 

No biênio 2018/2019, a petrolífera também investiu cerca de US$ 200 milhões na aquisição de 15,2% da start-up solar Scatec que possui projetos solares na América do Sul. Em 2018, a empresa iniciou suas operações do parque fotovoltaico em Apodi no Brasil, com capacidade de 162 megawatts e, em 2020, no parque fotovoltaico de Guanizul 2A na Argentina com 117 megawatts.

 

A Equinor pretende ser ainda mais agressiva em seus investimentos em renováveis. Segundo cálculos de um estudo coordenado por Ensiah Shojaeddini, de 2010 a 2018, a empresa gastou US$ 2,5 bilhões com energia limpa, o que representou 1,8% do total do seu portfólio de investimentos, sendo a maior parte deles depois de 2017. Esse volume deve crescer significativamente até 2023, quando a empresa almeja investir US$ 6,5 bilhões principalmente, mas não só, em eólica offshore. Neste segmento, além Estados Unidos e da Grã Bretanha, a Equinor anunciou que deve investir no mercado polonês.

 

A trajetória da Equinor comprova que as empresas tendem a acelerar sua presença na indústria de renováveis, mas continuam em busca de um modelo mais adequado de inserção. E é natural que, neste processo, ocorram “idas e vindas”, alterações de estratégias e revisão de modelos de negócios. Os renováveis são importantes para o futuro da indústria de energia e da Equinor, mas ainda é cedo para prever como e em que ritmo isso vai ocorrer.

 


 

Artigo publicado originalmente no Broadcast Energia.

Comentários:

  • Renato Garrick

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