Petrobras: Ineep analisa estratégia de desvalorização de ativos da estatal

Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

Na última semana, pesquisadores do Ineep compartilharam na mídia suas análises sobre a estratégia da Petrobras em desvalorizar seus ativos num ritmo maior do que o das concorrentes. No dia 24 de julho a Petrobras anunciou a venda de três de suas plataformas. O que poderia ser um case de sucesso na estratégia de privatizações, chamou à atenção analistas que acompanham o mercado, como Henrique Jager, ex-presidente da Petros. Isso porque a venda das três plataformas – feita em um site de leilões – alcançou o valor de US$ 1,45 milhão. Em artigo à Carta Capital, Henrique Jager pontua como a estatal está aproveitando a crise para “passar a boiada” nas privatizações a preços muito inferiores aos de mercado. Jager traz uma estimativa do consultor Adam Muspratt para o site Oil and Gas iQ. Segundo Muspratt, uma plataforma nova – sem contar os custos de instalação – vale entre 500 e 800 milhões de dólares. Ou seja, a Petrobras não conseguiria repor essas três plataformas por menos de US$ 1,5 bilhão, mais de mil vezes o valor conseguido na venda.

 

 

Não é de agora que a empresa caminha para uma depreciação dos ativos que pretende vender. Matéria publicada nesta quinta-feira (6) no jornal Valor Econômico revela que a Petrobras foi a segunda petrolífera que mais perdeu valor de mercado na pandemia, atrás apenas da Shell. O choque nos preços do petróleo obrigou as empresas a reavaliarem seus ativos. A brasileira se antecipou a outras concorrentes e já no balanço do primeiro trimestre anunciou seu cálculo, que implicava em uma queda de quase US$ 50 bilhões. A maioria das concorrentes deixou esse ajuste maior apenas para o balanço do segundo trimestre, anunciado em julho.

Segundo Rodrigo Leão, pesquisador do Ineep ouvido pelo jornal Valor Econômico, ” A Petrobras está dizendo que ativo vai gerar menos caixa. Isso dá uma sinalização sobre precificação ao mercado”.

 

 

Isso significa que, na prática, a Petrobras está escolhendo manter as privatizações num cenário de crise, mesmo que isso implique em uma desvalorização exagerada de seus ativos. No limite – como aconteceu com as três plataformas – vendendo unidades produtivas a preço de sucata.


Leia as matérias completas:

Carta Capital – Henrique Jager: Petrobras segue receita de Salles e aproveita para “passar a boiada”
Valor Econômico – Crise reduz valor de ativos de petroleiras

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