Petrobras diminui proteção ambiental em ano com aumento de mais de 2000% em vazamentos

Folha de S.Paulo
Imagem na cor azul escuro, com o logotipo do Ineep ao centro.

O descuido da Petrobras com a proteção ambiental tem se intensificado desde que a empresa decidiu fechar os seus Centros de Defesa Ambiental (CDA). O relatório anual de sustentabilidade da petrolífera informa que os vazamentos de óleo e derivados saltaram de 18,4 m³ em 2018 para 415,3 m³ no ano passado.

 

Em sua coluna no canal Blogfolha, do jornal Folha de S.Paulo, Ana Carolina Amaral ouviu o Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) sobre o assunto.

 

Ana Carolina Amaral coloca a notícia em perspectiva: o aumento de 2157% é o pior índice dos últimos dez anos da empresa. Para piorar, os números revertem uma tendência de queda que vinha acontecendo entre 2015 a 2018, quando os vazamentos caíram 74%.

Segundo análise do Ineep, parte dos vazamentos também ocorreu “por descarte contínuo de água com óleo em processos de produção que estavam em desacordo com a legislação ambiental”. Em 62% dos casos, houve falhas nos equipamentos.

 

No entanto, ainda segundo a análise do Ineep, “o derramamento não foi comunicado imediatamente ao mercado e provocou danos às comunidades ribeirinhas, pescadores e ambulantes. O Ibama afirmou que houve falhas na contenção de danos e que nas duas ocorrências havia condições para o recolhimento do óleo derramado, o que não teria acontecido de forma adequada”.

 

O Ineep calcula que os acidentes causaram cerca de R$ 250 milhões em multas em sanções judiciais à petrolífera. Em 2019, a empresa bateu recorde ao receber, até outubro, 316 multas do Ibama.

 

Costa tem menos proteção ambiental

Para o pesquisador do Ineep William Nozaki, o foco da Petrobras na exploração do pré-sal pode representar também uma maior exposição da costa brasileira a vazamentos de óleo causados por outras empresas ou por navios.

 

Isso porque a Petrobras mantinha ao longo da costa do país Centros de Defesa Ambiental (CDA), que apoiavam a resposta a acidentes causados por terceiros. A Petrobras atuou, por exemplo, na contenção do óleo no Nordeste no ano passado, a pedido do Ibama.

 

Nozaki explica:

“Os CDAs são bases estrategicamente posicionadas, com pessoal treinado e equipamentos especializados, para atuar em casos de derramamento de petróleo e derivados.”

“Como a Petrobras está se retirando de diversos estados e diversos segmentos, é muito provável que daqui para frente ela resguarde apenas a costa do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, que é onde está a exploração do pré-sal. Em um eventual vazamento no Sul ou no Nordeste, talvez não tenhamos mais a Petrobras para ajudar”, diz Nozaki.

 

Segundo análise do Ineep, “o descuido ambiental e marítimo da Petrobras tem se intensificado desde que a empresa decidiu fechar os seus Centros de Defesa Ambiental”.

 


 

Link relacionado:
Coluna completa no blog Ambiência: https://ambiencia.blogfolha.uol.com.br/2020/07/07/vazamentos-de-oleo-da-petrobras-aumentaram-2157-em-2019/

 

Comunicação Ineep

Comentar