Combustível de navegação dá respiro à Petrobras

Diminuição da demanda por combustíveis, advinda da redução de circulação de pessoas para contenção do vírus e da diminuição da atividade industrial, causou forte impacto na receita da Petrobras. Foto: Petrobras/Agencia Brasil

 

A Petrobras tem se beneficiado das regulações internacionais para aumentar suas receitas com a venda de um derivado pouco conhecido do público leigo, o bunker oil, combustível utilizado para a navegação. Em entrevista ao jornal A Gazeta do Povo, o economista e pesquisador do Ineep Rodrigo Leão explica.
Em 2008, a Associação Marítima Internacional definiu que, a partir de 2020, os combustíveis marítimos de longo curso devem ter 0,5% de teor de enxofre, contra os 3,5% permitidos anteriormente. A norma começou a valer a partir de 1º de janeiro.
“Poucos países têm condições de produzir esse combustível dessa forma, e o óleo do pré-sal é ideal – muito denso e com pouco enxofre. Várias empresas não conseguiram atender à exigência do percentual menor de enxofre e a Petrobras ocupou esse mercado”, explica Rodrigo Leão, coordenador-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e professor visitante na Universidade Federal da Bahia (UFBA).”
A boa notícia, no entanto, não será suficiente para compensar a queda vertiginosa da demanda do mercado interno de derivados, segundo Leão.
“Imagino que a empresa vá exportar um pouco menos de petróleo cru ou manter o resultado que teve no primeiro trimestre. Isso porque os países compraram muito petróleo para fazer estoque. Mesmo a China, que já está retomando a atividade econômica, deve ter dificuldade em manter o volume de compra”, avalia Leão.”
“Segundo ele, a venda de bunker oil, por conta da configuração do mercado, pode, novamente, atenuar esse efeito. “Mas vai ser difícil compensar o impacto muito forte da queda no mercado interno”.
A bonança no mercado de bunker oil pode ter vida curta, já que a Petrobras anunciou planos de se desfazer de suas refinarias, mesmo em meio à pandemia. O pesquisador do Ineep também foi ouvido sobre isso:
“Eu acho inadequado manter uma estratégia de dois anos atrás, considerando que o cenário agora é completamente diferente. As refinarias e outros ativos podem ajudar não só agora, mas lá na frente também. No caso do bunker oil, a empresa vai ter uma janela de três ou quatro anos para se manter competitiva no mercado e ganhar dinheiro com isso. Esse cenário poderia indicar à companhia que é melhor esperar e reavaliar a venda mais tarde”, afirma o pesquisador do Ineep.
Ao jornal, Rodrigo Leão aponta, ainda, que o setor de refino tende a ser mais resistente às oscilações do preço do petróleo, o que ajuda a empresa a enfrentar choques como o de agora. Isso porque a companhia consegue “diluir” as variações do barril no mercado internacional ao dosar o repasse de preços às distribuidoras, que compram os derivados nas refinarias.
Leia a matéria completa em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/retratos-da-economia-coronavirus-petrobras-combustiveis/

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